Reunião avalia condições hidrometeorológicas da Bacia do Rio Doce


15 out/2024

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), através da Coordenação de Eventos Críticos, realizou na última sexta-feira (11) a reunião de avaliação das condições hidrometeorológicas da Bacia do Rio Doce. O encontro contou com a participação de representantes do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).  A reunião foi organizada a partir de demanda encaminhada pela Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos do CBH Doce (CTGEC). 

Na abertura da reunião, Fábio Rocha, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (INMET), fez um balanço do período chuvoso na bacia no último trimestre e previsão para as próximas semanas. “O mês de outubro mostra poucas chuvas abaixo da média, seguindo uma tendência que segue nos próximos meses em toda a região sudeste. No mês de setembro, foram registrados alguns episódios de chuva no extremo sul da bacia e no Espírito Santo. Para as próximas semanas, teremos volumes consideráveis de chuva na bacia e aumento da nebulosidade”, afirmou. 

Quanto às temperaturas, a previsão indica que deverão ser acima da média em grande parte da bacia, com possibilidade de ocorrência de dias de calor em excesso.

De acordo com o coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden, Marcelo Seluchi, a expectativa é de chuvas acima da média em comparação com o ano anterior. “Já tivemos algumas chuvas pontuais na bacia, em torno de 100mm em algumas cidades. O ano hidrológico anterior foi bem abaixo da média do que era esperado. Em janeiro e fevereiro, tivemos episódios de chuvas acima da média, mas a partir de março e abril. Ou seja, uma sequência de meses com período seco prolongado. Lembrando que nesta época do ano começa a transição do período de estiagem para a estação chuvosa. Essa transição irá trazer chuvas para as próximas semanas e com expectativa de se estender para as últimas semanas e trazer um alívio para a vazão do rio doce”, explicou. 

Bernardo Oliveira, responsável pela operação do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Doce (SAH Doce) anunciou que o Sistema de Alerta deverá entrar em operação a partir de novembro. “O período chuvoso do ano passado (2023) foi marcado por precipitações abaixo da média na Bacia do Rio Doce. Além disso, o período de estiagem atual começou um pouco mais cedo, o que reflete diretamente nos níveis dos rios. Apesar disso, o aquífero conseguiu manter a vazão sem decaimento. Tudo indica que a partir de agora iremos entrar na transição do período de chuvas. A partir do início da primeira semana de novembro, iremos dar início à operação do Sistema de Alerta. Caso ocorra algum episódio de chuva intensa na parte alta da bacia com risco de inundações, iremos antecipar imediatamente o Sistema Alerta”, afirmou.

Previsões antecipadas garantem mais segurança na bacia do Rio Doce 

Uma ferramenta incorporada ao Sistema de Alerta Hidrológico operado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), permitirá antecipar as previsões sobre inundações nos municípios monitorados na porção mineira e capixaba da bacia.

As informações, que serão divulgadas com até 14 dias de antecedência, irão apoiar os municípios a prevenir desastres relacionados a enchentes. 

O Sistema de Previsão de Vazões e Níveis da Bacia Hidrográfica do Rio Doce foi lançado em agosto deste ano, durante seminário promovido pelo CBH Doce em Governador Valadares. Essa ferramenta foi desenvolvida pelo Consórcio PROFILL-ACQUA-FLUVIAL, com aporte de R$1,3 milhão do CBH Doce. Cabe ao CBH Doce, através da CTGEC, apoiar, articular e acompanhar estudos, projetos e ações relacionadas à operação, ampliação e modernização do Sistema de Alerta Hidrológico na Bacia do Rio Doce.

Por fim, a ONS também apresentou um balanço sobre as condições hidrológicas e a operação das oito usinas hidrelétricas da Bacia do Rio Doce: UHEs Candonga, Guilman-Amorim, Sá Carvalho, Porto Estrela, Salto Grande, Baguari, Aimorés e Mascarenhas. De acordo com a ONS, as usinas operam a fio d’água e não têm capacidade de operar o controle de vazões por conta do seu porte reduzido de armazenamento. 

Ao final da reunião, Luciane Teixeira, representante da Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos do CBH Doce (CTGEC) solicitou uma reunião da Câmara para alinhar os encaminhamentos relacionados ao início do período chuvoso.