Carta Para Isaura

Querida Isaura,

Sei que hoje se encontra em outro plano mas não tive tempo hábil para transformar em palavras todo o amor, reconhecimento e inspiração que você plantou em minha vida. Mas quero deixar registrado de forma bem simplificada o legado deixado por você em mim. Nossa caminhada é bem longa, me lembro de quando conheci você, através do CBH Manhuaçu, já naquele período como presidente de nossa entidade. Desde o primeiro contato sua postura irreverente, natural (o legado do guia “Pés descalços”,  com certeza foi inspirado em você), com uma força surreal de agregação de pessoas me fez sentir que estar em sua presença alimentava minha alma. O fato de ter poucos recursos financeiros pessoais e não enxergar barreiras para a evolução coletiva em prol da organização social, do desenvolvimento sustentável, da ampliação de estruturas de excelência me fez apaixonar por você desde quando te conheci. Sou testemunha de uma boa parte, e ainda pequena, porque sua atuação sempre foi difícil de mensurar devido ao seu poder de disseminação, engajamento e mobilização social, de que você nos levou, nos acompanhou e nos tirou a da zona de conforto para fazer dar certo aquilo que era novo e parecia muito burocrático e difícil (aliás, difícil era uma palavra que nunca fez sentido em seu vocabulário) e você sempre nos inspirando e dando exemplo, puxão de orelha, motivos fortes e motivadores para colocar em prática sua forma participativa de ação e visão de futuro (que o diga a visibilidade dos cafés especiais em nossa região mineira do Caparaó que nasceram de suas ações apartir de sonhos, mesmo não produzindo café). Hoje, somos um grupo forte, mobilizado, responsável, abdicados, motivados, e todos os outros adjetivos que podem designar o fruto de sua atuação. Há amiga, você tá fazendo muita falta, não nos preparamos pra ficar sem sua presença, ao ponto que preparamos uma série de homenagens para levar até você mais não deu tempo. Você soube escolher o que plantar e por esse motivo vamos continuar colhendo esses frutos e cuidando desse jardim para sermos sempre um bom exemplo. Seu legado e DNA foram tão bem construídos que iram  reverberar por séculos pois esse foi o maior legado que você deixou. Ficamos aqui com sua família continuando esse caminhar de evolução e trabalho voluntário e prol de um mundo melhor para todos. Que assim seja.

P.S. Essa foi a ultima foto que tiramos juntas na gravação do nosso tão sonhado documentário da Bacia do Manhuaçu.

Flávia Dias, vice-presidente do CBH Manhuaçu